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Culpa

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Nada de novo, ou muito novo, que surpreenda após a conclusão de uma eleição destinada a parlamento. Mais uma vez, vem a grita contra a incompreensão de como, afinal de contas, candidatos ou candidatas de expressiva votação não conquistam vaga na Câmara de Vereadores e, outros, por sua vez, com menos votos, são consagrados eleitos.

Repete-se, assim, uma tipicidade que a cada biênio vem a efeito mas, paradoxalmente, não tem efeito qualquer. Vem, e vai, como se nada fosse, pois nada é.

Ora, não é a primeira vez que, a exemplo do que se deu no pleito recém concluído, a candidata mais votada para Câmara municipal fica de fora da nominata dos que assumirão mandato no janeiro imediatamente posterior à apuração. Isto, só aqui na Boca do Monte, já ocorreu por duas vezes, já tem décadas...

Assim como agora, a indignação vai se desgastando, não durando mais de uma ou duas semanas, até se tornar fato irrelevante que pode, no máximo, se tornar anedota só boa enquanto nova. No mais, até daqui a dois anos, quando sobrevirá, dentre outras, eleições para Câmara Federal dos Deputados e Assembleia Estadual Legislativa, quando ocorrerá a mesma coisa, novamente, inclusive a repercussão limitada a dias, adição ao anedotário e, até a próxima eleição e óbvia ocorrência.

Claro, nos entremeios de tudo, uma outra elucidação, ou elucubração, a propósito de coeficientes eleitorais, números e proporções de votos necessários a cada partido e números de cadeiras conquistadas, importância da existência de tais partidos, conceituação sobre democracia representativa e por aí vai. Ponto.

Ao encerrar do assunto, todos os políticos são desonestos e forjaram um sistema eleitoral e político para ser mesmo incompreensível e para beneficiar os que já estão lá, há anos, e que na opinião popular, nada fazem além de cuidar dos próprios interesses.

Mas alguém, inclusive e sobretudo os indignados com a "rasteira" que seu candidato tão bem votado levara do sistema, em algum momento desta ou de outra eleição, insira-se aí o período de campanha, atentou para se, dentre as propostas de seu escolhido, constava o itenzinho "reforma do sistema eleitoral"? Ah, e se sim, a tal da reforma seria alcançada como e, mais, em que aspectos e para que fins?

Não, né...

Claro, alguém há de vir e dizer que por se tratar de eleição para vereador, o tema nem poderia ser enfrentado, pois de competência do Congresso Nacional, naturalmente.

Em assim sendo, esquece-se o amigo ou a amiga que nunca deu bola para a matéria, só agora que seu candidato ou candidata ficou de fora, que muitos destes eleitos pelo sistema viciado e dolosamente incompreensível se candidatarão, ali na frente, aos cargos federais capazes de alterar a realidade objeto da indignação. Quem sabe até alcancem êxito exatamente pelas regras agora indignantes.

Cá entre nós, mas nem os que, apesar da votação massiva, perderam a eleição, falaram do assunto. E por uma questão muito simplória: ele não dá voto. Mas não render voto, não significa se tratar de tema desimportante como só se vê agora e por agora.

Eles e elas não falam, nós não perguntamos e os absurdos se repetem ao sabor da nossa tolerância e do nosso costume.

Mas claro, eu já sei: a culpa é do sistema.

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